Este povo me honra com os lábios… 22º domingo ano “B”
Este povo me honra com os lábios… 22º domingo ano “B”
Jesus sempre se esbarra no “legalismo frio” dos fariseus que interpretam a Lei sem amor. Esse é um risco que ainda hoje algumas pessoas correm ao viver, ou praticar a religião para si, para seu engrandecimento e não como um encontro frutuoso com Deus e transbordante de alegria com os irmãos. Ensinar a fé e transmitir a fé não se resume ao ensino da doutrina e das tradições, mas também é levar as pessoas a uma experiência fundamental, um encontro pessoal com Jesus Cristo! Vida de fé é diferente de “cumprir tabela”, “picar o cartão” ou cumprir a obrigação.
Guardar os preceitos do Senhor é colocá-los em prática, como nos fala a carta de são Tiago, convidando-nos a ser praticantes e não meros ouvintes da Palavra de Deus. Não se pode rezar tendo frieza no coração; não se vive a fé sem a prática genuína da caridade.
Jesus e os fariseus têm um diálogo assaz interessante, pois, aos fariseus o importante é o cumprimento de regras e preceitos sem considerar o ser humano, ao passo que Jesus tem sede do coração das pessoas, se interessa pelo que cada um vive e não pelo que ostenta com a aparência e nos leva a compreender que a misericórdia é o reflexo do coração de Deus. É obvio que a higiene é importante, entretanto um coração misericordioso alcança mais graças que mãos simplesmente limpas; aparência bonita e coração sem misericórdia é um copo limpo por fora e cheio de água suja… mais que saber rezar, é decisivo viver o que se reza. O legalismo dos fariseus entristece Jesus porque “cumprem” rituais para se parecerem “gente de bem”!
“Este povo me honra com os lábios” … hoje ainda, algumas pessoas vivem a religião, ou tentam fazer do cristianismo uma religião intimista, egoísta, calmante de consciências; querem solução para algum problema e não se convertem a Jesus, querem somente se “sentir bem”! E, se alguma coisa fica fora de seus padrões, se o papa fala algo que os fariseus de hoje não gostam, ai ai ai… Rezam, mas é só da boca para fora, o coração está longe. Os fariseus criticam os discípulos, mas querem atingir Jesus; e Jesus ensina que a Lei deve ser praticada com o amor; a Lei se vive no amor.
Onde está a raiz das impurezas, da maldade, dos fanatismos e da violência? No coração maldoso do ser humano! A impureza não está fora, mas dentro do ser humano, nas más decisões, nos julgamentos, maus pensamentos, maus desejos, discriminações e intolerância.
Mãos limpas requerem coração puro, cheio de amor e dado à misericórdia. Me lembro de uma historinha que um padre me contou:- “a senhora piedosa, de véu e terço foi confessar-se e lhe disse que não tinha “feito” nenhum pecado. Ao que ele respondeu: deveras, a senhora é pura feito um anjo e orgulhosa igual ao satanás”. Não basta não faltar à missa; é preciso viver o mandamento do amor: “a religião pura e sem mancha é cuidar dos mais pobres e dos mais frágeis!
Os fariseus desagradam por seu ritualismo vazio; é uma reza sem fé e sem amor. A boca fala, mas o coração não sente.
“O amor é a plenitude da Lei”.( São Paulo)
Mons. João Paulo Ferreira Ielo