O primeiro domingo de Quaresma nos apresenta Jesus sendo tentado pelo diabo. Segundo são Marcos, Jesus, cheio do Espírito Santo, vai ao deserto e ali é tentado. O evangelista diz que foi ao deserto e que foi tentado; não diz em que e nem quantas vezes foi tentado.
As tentações são momentos importantes de nossa vida, pois nos levam a exercitar nossa liberdade e escolher entre bem ou mal, entre luz e escuridão, vida ou morte. Tentação não é pecado, entretanto, conforme a escolha, caímos no erro, no pecado. Jesus, assumindo a natureza humana, enfrenta as tentações, as investidas do inimigo que tenta “sabotar” o plano de Deus. Nós, criados para o bem e para o amor vivemos num constante “estado de tentação”!
Jesus está no deserto, um lugar muito caro, muito especial para os profetas. No deserto, lugar sem nada atraente, os profetas podem encontrar-se consigo e se deixam encontrar por Deus. No deserto, onde falta tudo, no lugar do profundo silêncio, Jesus não cede às investidas do maligno tentador. Nós, algumas vezes, nos deixamos iludir e assim criamos situações que nos levam a cair nas emboscadas do inimigo, caímos em tentação.
Deserto é também o lugar da comunhão entre Deus e o ser humano; é o lugar no qual Deus fala ao nosso coração profundamente.
Jesus nos fala uma palavra assaz interessante: -“o tempo se completou e o Reino de Deus está perto. Convertei-vos e crede no Evangelho”! Não há conversão nem mudança de vida sem “escutar” o Evangelho. E o tempo é o presente, é este o tempo da conversão, o dia da salvação.
Quem precisa se converter somos nós, que escutamos o Senhor; nós precisamos lutar contra o mal e não nos deixar levar pelas manias e maldades.
Agora é tempo de nos voltarmos para o Senhor de todo o coração; mudar de vida para transformar o deserto em jardim.
“Preparemo-nos para o combate. Deus nos deu uma couraça que não é de metal; Deus nos deu outro sustento: preparou-nos uma mesa com manjares escolhidos para que, assim fortificados, combatamos o inimigo até à vitória.”
“Pois só ao enxergar de longe tua língua enrubescida pelo sangue do Senhor, creia-me, abandona o combate e foge rapidamente. Se, de longe enxerga sobre teus lábios o sangue de Cristo, foge atemorizado”. (São João Crisóstomo).

Pe. João Paulo Ferreira Ielo