27º Domingo Tempo Comum Ano A
A Vinha do Senhor
A Sagrada Escritura usa diversos exemplos da vida cotidiana do povo para assim iluminar a história e apresentá-la como História da Salvação. Para mostrar como Deus é zeloso e ama seu povo que deve lhe corresponder ao seu amor com bons frutos, bons sentimentos, com justiça e fraternidade, o profeta Isaías nos conta a história do amigo que possuía uma bela vinha. Era apaixonado por ela; cuidava com um zelo extremo. Dela esperava os melhores frutos para produzir o melhor vinho. É como o pai que providencia tudo para seu filho e pensa: – “vai ser o melhor”! Mas na hora do “vamos ver”, os frutos não apareceram. O filho foi desligado da escola e a vinha não deu um cacho de uva sequer. O pai e o dono da vinha ficaram muito tristes, decepcionados com essa situação. Os frutos esperados não vieram, todo o investimento foi em vão!
Deus, o dono da vinha, o Pai bondoso, não desiste. Seu povo, sua vinha, era fiel somente na aparência; povo muito religioso, mas longe de Deus. Muita reza e pouca fé. Como aquele “santinho na Igreja e um cavalo em casa”.
Contando a parábola dos vinhateiros assassinos, Jesus chama o povo de infiel e mal agradecido. O povo eleito não produziu os sinais de salvação para o mundo. Sócios do Dono não quiseram repartir os lucros e nem os frutos. Desrespeitaram os representantes do dono, mataram seu Filho e tomaram posse do que não lhes pertencia.
Os chefes religiosos entenderam o que Jesus lhes estava dizendo. Falava deles que se apossaram da religião, não ouviram aos profetas, rejeitaram o Messias e só produziam frutos amargos: a injustiça, a intolerância, a falta de caridade. O que fará o “Dono da vinha” com esses fulanos? Essa é a pergunta de Jesus!
Como o “Dono” da vinha (Iahweh) é zeloso, ele continua investindo. Agora vai entregar a outros (não israelitas) que dêem os frutos esperados.
Agora é conosco: a vinha do Senhor é Israel. A Igreja é o novo Israel, a nova Vinha. Quais frutos produzimos? Uvas boas ou amargas? Produzimos vinho ou vinagre? No dia do Juízo, o que carregarão as nossas mãos? Frutos bons ou azedos? Os frutos são as nossas atitudes, os gestos-conseqüência da eucaristia que celebramos. Fruto de justiça, de caridade; os frutos que revelam nossa vivência da fé que professamos, pois corremos o risco de repetir o antigo Israel que rejeitou os profetas e também o Messias.
Falando contra os arrogantes, são Paulo ensina que nos devemos ocupar com o que é Bom, verdadeiro, respeitável, justo, puro, amável, honroso, tudo o que é virtude ou que, de qualquer maneira mereça louvor.
Em que estamos investindo? Quais os valores que ensinamos para nossas crianças, nossos adolescentes e nossos jovens?
“A vinha do Senhor é a casa de Israel”!
Mons. João Paulo Ferreira Ielo